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Os indesejáveis: agentes públicos e a gestão da mobilidade de trecheiros e pessoas em situação de rua

Atualizado: há 14 horas


Uma mulher andando pela estrada carregando uma sacola.

Autoria:


Cledione Jacinto Freitas

Faculdade de Ciências e Letras. Universidade Estadual Paulista. UNESP- Campus de Assis



  Resumo:


A atenção dispensada pelos agentes públicos aos trecheiros e pessoas em situação de rua é cada vez mais crescente subsidiada por um arsenal de normas, orientações, estratégias, instituições, profissionais, políticas, para dar conta das várias facetas da vida nômade e cidadina. Por esse motivo, a pesquisa teve como objetivo principal investigar a maneira como esses agentes encarregados dos serviços públicos de assistência social lidavam com trecheiros e pessoas em situação de rua e concebiam esse modo de vida. Interessou, sobretudo, identificar práticas e intervenções no modo de vida de trecheiros e pessoas em situação de rua que procuravam desqualificar o nomadismo ou que o tomava como um modo de vida condenável ou que gerava sofrimentos e que, portanto, precisava ser evitado. Interessou, ainda, compreender como, pelo olhar dos profissionais da assistência social, se produz a figura do “indesejável”, do estrangeiro, que precisa ser deslocado para outros espaços por meio de políticas públicas de assistência. A pesquisa ocorreu em uma cidade com aproximadamente cem mil habitantes na região oeste do Estado de São Paulo. Essa cidade está localizada num importante corredor de circulação de trecheiros, formado pelo cruzamento de rodovias tronco que ligam o norte do Estado ao Paraná e a região oeste do Estado à região leste, na qual está situada capital. A metodologia empregada foi a etnografia em Psicologia com observação participante. Acompanhamos o trabalho da equipe do município, constituída por assistentes sociais, psicólogos e funcionários de nível médio, lotada no Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS) e na Unidade de Assistência ao Migrante (UAM), bem como de outros profissionais que participaram do Grupo de Trabalho de População de Rua ou que estavam envolvidos com a questão do atendimento ao nomadismo, além de cidadãos que estavam presentes e participaram direta e indiretamente da pesquisa, possibilitando observar as práticas e discursos que constroem em relação aos trecheiros que aportam na cidade e das pessoas em situação de rua que insistem em permanecer nas praças. O acompanhamento ocorreu em todas as etapas do trabalho, abrangendo desde a participação em reuniões da equipe para discutir casos e formular estratégias até as abordagens e atendimentos realizados em ruas e praças públicas. Foi possível observar que as práticas de assistência procuravam retirar nômades e errantes dos logradouros públicos, cumprindo a função de desocupação dos espaços públicos, especialmente as praças, removendo-os para instituições tais como hotel social, família, residência e trabalho/emprego, ou, no caso dos trecheiros, a remoção se fazia pelo envio dos mesmos a outras cidades ou até impedindo-os de entrarem na cidade. Todo o processo de investigação culminou com interrogações acerca de espaços e lugares disponíveis e disponibilizados para os nômades, além do tempo de parada e permanência permitido e eles. Em suma, a questão que permanece é o tipo de regulação mobilizada dos espaços cidadinos que não admitem a presença de pessoas em situação de rua e trecheiros.

 

Palavras chaves: Trecheiros. Nomadismo. Espaço e lugar. Indesejáveis. Agentes públicos.






FREITAS, Cledione Jacinto de. “Os indesejáveis: agentes públicos e a gestão da mobilidade de trecheiros e pessoas em situação de rua. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Unesp-campus de Assis, 2014









 
 
 

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Agradecimentos à Fapesp pelos apoios a pesquisas realizadas com andarilhos de estrada e à elaboração e hospedagem desta página.

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